sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

The Stone Roses - Second Coming

Não conheço um único fã de Stone Roses. Aliás, não estou a ver ninguém que tenha um disco deles em casa. Não conheço ninguém que saiba reconhecer que houve um, sim, um guitarrista que participou na cena da britpop e que tocava tão bem quanto o Jimmy Page. Talvez por aí se explique parte do insucesso de Second Coming. Dessa influência que John Squier - o homem com nome de marca de guitarras baratas - mostrasse com alguma obsessão ao longo do segundo álbum, que sucedeu ao primeiro passados cinco longos anos. Mas por agora vou parar de falar mal. Não é que eu odeie este álbum. Não. Eu consigo gostar bastante dele, aliás, é daqueles que pelo menos uma vez por mês é capaz de rodar na aparelhagem.

É difícil transmitir por palavras tudo que este álbum pode significar. Não é de fácil digestão, nem tão pouco apaixona à primeira vista. As atmosferas sónicas e psicadélicas, com base em acordes de blues ao longo de "Breaking Into Heaven", devem ter decepcionado logo os primeiros fãs que ouviram este álbum. É que a britpop estava no auge, e estes senhores, que já tinham marcado presença na era da Madchester, não conseguiram encontrar-se com as expectativas da imprensa e dos fãs . Mas eu dei-lhes uma segunda oportunidade e não me arrependo de o ter feito. É que para inovar é preciso arriscar, muitas vezes isso implica quebrar expectativas e romper com estigmas do passado, ou até mesmo do presente. E os Stone Roses conseguiram-no fazer, e pronto. E fizeram muito bem.

Para recordar, Ten Storey Love Song, um dos singles que ficou bem na moldura, ao lado dos hits da altura.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

The Clash - London Calling


Com três acordes apenas se faz uma canção punk. Mas os The Clash vieram provar que as coisas não eram bem assim. Depois de um início mais ligado ao movimento de 1997, a banda fecha a década de 70 com a sua obra-prima e um dos mais emblemáticos álbuns de toda a história da música do séc. XX.
Joe Strummer e Mick Jones eram compositores exímios e dividiam de forma mais ou menos simétrica o lugar de vocalista. Foram uma dupla como não há muitas, ao nível de Lennon / McCartney, Simon / Garfunkel ou até de uma outra que também terei que destacar brevemente, Marr / Morrissey.
Ao termos contacto com este álbum pela primeira vez, apercebemo-nos de que, para os The Clash, ser uma banda não é sinónimo de adoptar um estilo. Não se encontram em London Calling apenas canções de 3 acordes. Dub, reggae, rock, rockabilly, r&b são apenas alguns dos elementos deste cocktail explosivo de 19 canções que mais parecem uma compilação de singles orelhudos.
Recomendado para todos os tipos de humor, faça chuva ou Sol. Seja Segunda de Manhã ou Sexta à tarde. Totalmente indispensável.
Para carregar no play, a história de um pai que assaltava bancos, mas tinha um coração de ouro: nunca magoou ninguém. Segundo reza a história em Bankrobber.


nota do autor: só passados uns bons meses de ter escrito este artigo é que reparei que esta música não faz parte do London Calling. Fazia parte apenas da cassete onde tinha gravado o álbum há alguns anos, só para preencher uma resto de fita vazia.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Oasis - Definitely Maybe


I live my life in the city
There's no easy way out
The day's moving just too fast for me.

Como é que um puto de 15 anos, a viver em Sintra nos anos 90 se podia identificar com estas linhas? Não podia.
Assim começa o primeiro álbum daquela que é provavelmente a minha banda mais marcante da minha adolescência. Nunca cheguei a comprar o CD: troquei-o por um exemplar do Outcesticide II dos Nirvana, que mais tarde acabou simpaticamente por voltar às minhas mãos e sem quaisquer contra-partidas.
A britpop ainda era uma coisa pouco definida. Os blur já tinham chegado com o álbum Leisure três anos antes, a Madchester conhecia os seus últimos dias e as camisas de flanela e o grunge tinham-se expandido inexplicavelmente por todo o mundo.
Para mim, Definitely Maybe não foi apenas um álbum, foi uma referência. Abrir o inlay era descobrir roupas, ténis, sapatos e óculos impossíveis de encontrar num país ressacado de uns anos 80 muito pouco interessantes. Sim, o inlay, aquela coisa que acompanhava os CDs e que deixou de fazer sentido na era do mp3. Era aí que se descobria o quão comunicativos ou criativos eram os músicos, fora da música em si. Ou a quantidade de informação que estavam dispostos a partilhar com os fãs.
Em suma, este é um álbum de rock, puro, sem complexos, obrigatório para uns, detestável para outros, muito graças à dualidade na apreciação dos manos Gallagher: ou se adora, ou se odeia. Mas ninguém lhes fica indiferente.
Indiferente não consigo ficar a nenhuma das canções que compõe o álbum. São todas mágicas e todas me fazem lembrar algum momento que vivi no passado e ainda entram em alguns no presente. Nunca perdi a vontade de o ouvir. E acabo de escrever isto enquanto ouço o álbum dos Beady Eye, o projecto que nasceu das cinzas dos Oasis. E a chegar à conclusão que o álbum é de facto muito bem conseguido.

Fechamos com a faixa que é talvez a mais inesperada do alinhamento, e que também fecha o álbum. Com a arrogância literária de Noel Gallagher elevada ao seu expoente máximo.



Cheers.