quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Oasis - Definitely Maybe


I live my life in the city
There's no easy way out
The day's moving just too fast for me.

Como é que um puto de 15 anos, a viver em Sintra nos anos 90 se podia identificar com estas linhas? Não podia.
Assim começa o primeiro álbum daquela que é provavelmente a minha banda mais marcante da minha adolescência. Nunca cheguei a comprar o CD: troquei-o por um exemplar do Outcesticide II dos Nirvana, que mais tarde acabou simpaticamente por voltar às minhas mãos e sem quaisquer contra-partidas.
A britpop ainda era uma coisa pouco definida. Os blur já tinham chegado com o álbum Leisure três anos antes, a Madchester conhecia os seus últimos dias e as camisas de flanela e o grunge tinham-se expandido inexplicavelmente por todo o mundo.
Para mim, Definitely Maybe não foi apenas um álbum, foi uma referência. Abrir o inlay era descobrir roupas, ténis, sapatos e óculos impossíveis de encontrar num país ressacado de uns anos 80 muito pouco interessantes. Sim, o inlay, aquela coisa que acompanhava os CDs e que deixou de fazer sentido na era do mp3. Era aí que se descobria o quão comunicativos ou criativos eram os músicos, fora da música em si. Ou a quantidade de informação que estavam dispostos a partilhar com os fãs.
Em suma, este é um álbum de rock, puro, sem complexos, obrigatório para uns, detestável para outros, muito graças à dualidade na apreciação dos manos Gallagher: ou se adora, ou se odeia. Mas ninguém lhes fica indiferente.
Indiferente não consigo ficar a nenhuma das canções que compõe o álbum. São todas mágicas e todas me fazem lembrar algum momento que vivi no passado e ainda entram em alguns no presente. Nunca perdi a vontade de o ouvir. E acabo de escrever isto enquanto ouço o álbum dos Beady Eye, o projecto que nasceu das cinzas dos Oasis. E a chegar à conclusão que o álbum é de facto muito bem conseguido.

Fechamos com a faixa que é talvez a mais inesperada do alinhamento, e que também fecha o álbum. Com a arrogância literária de Noel Gallagher elevada ao seu expoente máximo.



Cheers.

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